"A joia, mais que um simples adorno, é um elemento de identidade cultural capaz de gerar riquezas, com sustentabilidade e valorização do patrimônio histórico", destacou o designer italiano Stefano Ricci, durante palestra ministrada na manhã desta quinta-feira (27), no Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém (PA), como parte da programação da Feira do Empreendedor 2010.
Elaborada com a contribuição do mestre ourives Cláudio Franchi, e tradução de Paolo Carlucci, a palestra "A cultura como valor econômico para a joia contemporânea" versou sobre a importância do elemento cultural para a produção joalheira, que se torna o diferencial de um mercado cada vez mais exigente, diante de uma indústria que acabou por massificar a joia. Para uma atenta plateia de designers, ourives, produtores e estudantes, Ricci afirmou que grandes mercados consumidores, como Rússia, China e Estados Unidos, querem atualmente joias que identifiquem a "expressão original do autor".
Segundo o italiano, a forte identidade cultural existente no Brasil, notadamente na Amazônia, é uma rica fonte de inspiração, que fornece elementos para a criação de um novo estilo, com o toque de modernidade essencial aos mercados de joia e moda. Ele diz que hoje as grandes marcas ainda dominam 65% do mercado de produtos de luxo, mas vêm perdendo espaço devido ao distanciamento do público, que mudou seu foco de interesse e dá preferência ao produto único, que carrega características próprias do lugar onde foi criado e as origens dos materiais que lhe dão forma e conteúdo.
Nos dois workshops sobre marketing e design de joias que realizou em Belém, em 2008 e 2009, Stefano Ricci já havia reforçado a importância cultural e comercial da joia que valoriza os elementos do imaginário amazônico e da biodiversidade brasileira. "A joia se torna produto de comunicação de emoções, o que desperta o desejo de comprar", enfatizou.
O designer abordou também a importância do marketing do conhecimento, um conceito formalizado por Cláudio Franchi, citando a transferência direta de conhecimento do mestre ao aluno, como acontecia nas oficinas da época Renascentista, na Itália. Segundo Ricci, que tem mais de 30 anos de experiência em grandes joalherias, como a Bulgari, o conceito moderno de cultura traz uma ampla bagagem de conhecimento, que passa de geração a geração e, no caso da produção joalheira, inclui técnicas de ourivesaria e elementos que servem de inspiração, como lendas e mitos do imaginário brasileiro.
Ao falar sobre a economia mundial, Stefano Ricci destacou que a China, por exemplo, cresce verticalmente, consumindo novidades e recursos que podem se esgotar nos próximos dez anos. Para ele, o Brasil faz um caminho inverso, ao registrar um crescimento econômico equilibrado, sustentável e não agressivo.
Stefano Ricci destacou ainda a lógica do processo de formação dos profissionais do setor joalheiro implementado no Pará, com o apoio do Sebrae ao Polo Joalheiro e a microempresas, e o trabalho desenvolvido pelo Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama) e Governo do Estado, via Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect). Segundo ele, isso demonstra a "vontade política" das instituições em fomentar o setor joalheiro local.
Fonte: JoiaBr
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