quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O caminho das pedras de Camila Klein

Designer brasileira ganha o mundo com anéis enormes, colares cheios de personalidade e pedraria colorida

 Camila Klein, Reprodução   / 

Pode ser que você não conheça Camila Klein. Mas já deve ter visto alguém usando alguma bijuteria feita por ela. Seu design é muito peculiar. Anéis enormes, colares cheios de personalidade e pedraria colorida. 

Após 10 anos de carreira, a designer paulista  consolida o seu nome na moda nacional. Tem cinco lojas próprias e 250 pontos de venda de suas peças no Brasil. Camila já começa a despontar no mercado internacional. Vende para Emirados Árabes, Japão, Itália, França e Áustria – e foi convidada pela Swarovski Elements para fazer uma coleção exclusiva. Receberam o mesmo convite nomes como os estilistas Jonathan Saunders, Jean Paul Gaultier e a modelo Daisy Lowe. 

Camila começou a fazer bijuteria em casa para as amigas de colégio. Após se profissionalizar, vendia suas peças para multimarcas como Le Lis Blanc, Bob Store e Spezzato. Até que criou a marca própria. Atualmente, tem uma fábrica em São Paulo com mais de cem funcionários. 

A sua bijuteria é muito refinada. Ela consegue substituir uma joia?

Camila Klein – 
A maioria dos meus clientes é de compradores de joalheria. O mercado de joias é muito exclusivo e pequeno. Para comprar um anel de ouro, tem de desembolsar muito dinheiro. Quem já usufruiu de uma época em que era viável comprar e usar joia no dia a dia ficou sem espaço. O ouro está muito caro. Quando essa mulher olha na vitrine um anel como o meu e vê que pode comprar, ela hesita. 

Mas o preço do seu produto não é de uma bijuteria comum. Por quê?

Camila –
 Quando a gente fala de design, várias coisas são envolvidas. Pesquisa, estudo de muitos meses e dedicação para descobrir o melhor caminho de montar uma peça. É preciso desenvolver uma técnica de montagem, desenhar a modelagem. Eu crio as ferramentas e as ferragens. Há peças que demoram dois meses para ficar prontas. Tenho de mandar lapidar as pedras para caber em um suporte específico, desenvolvemos banhos especiais para criar uma coloração única, tenho de pagar a modelista. O preço não é só pela marca, é pelo trabalho todo.

Por que bijuteria e não joia?

Camila –
 A joalheria me prendia muito. Eu ficava dois, três dias fazendo um anel e, se não gostava do resultado, tinha de começar tudo de novo. Na bijuteria, se tem mais liberdade e mobilidade de criação. Pode-se trabalhar com a mistura de materiais. Na última coleção, brinquei com camurça, pedra natural, cristais. Comecei menina, então não tinha acesso a matérias-primas como ouro e pedras preciosas e, por isso, não conseguia criar o efeito que crio hoje em bijuterias. Não descarto trabalhar com joia, mas agora não é o momento.

O Brasil já tem uma identidade na linha de acessórios no Exterior?

Camila –
 O Brasil está se superando. Estamos criando uma identidade e um estilo. Mas isso é muito difícil. A maioria das joalherias acaba copiando muita coisa de fora. Os que se destacam, como Jack Vartanian e Carla Amorim, têm identidade própria. 

De onde vem a inspiração?

Camila –
 Sinto que as mulheres estão com um desejo de transformação grande: de ter uma identidade e um estilo. Antes, as meninas queriam ser todas iguais. Essa geração de 20 e poucos anos é mais segura. Querem ter mais personalidade, acreditam mais no seu gosto pessoal e têm mais informação de moda. A gente está buscando essa mulher que já tem o básico e agora quer ousar.

Como você definiria o seu design?

Camila –
 Sou detalhista ao extremo. Vou até o limite para melhorar o produto. Um acabamento, um volume, uma proporção, a mistura de cor. Gosto de elementos imprevisíveis para fazer a mulher aparecer. Para alguém perguntar onde ela comprou aquele anel, colar ou pulseira.

Fonte: DONNA ZH

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